"Um Certo Capitão Rodrigo" da obra de Erico Veríssimo
Um Certo Capitão Rodrigo
Cap-1: O
Capitão Rodrigo Cambará chega à vila de Santa Fé, vestido de bombacha clara,
chega botando banca na vila, chamando briga na venda do Nicolau. Juvenal, filho
de Pedro Terra, retrucou-o, mas Rodrigo diz que não quer briga que esse é
apenas seu modo de falar, convida então Juvenal Terra para tomar uma pinga.
Eles sentam no balcão da venda de Nicolau e começam a beber, Rodrigo então pede
à Nicolau se tem algo para comer, Nicolau manda preparar uma linguiça frita.
Juvenal não gostava daquele homem, mas mesmo assim continuava ali conversando
com aquele desconhecido. Nicolau chama Rodrigo para a cozinha e ele convida
Juvenal para acompanha-lo, Juvenal nega a linguiça, mas o acompanha mesmo assim
e fica ouvindo aquele homem contar seus casos de guerras e comer sem jeito
aquela linguiça com farofa. Rodrigo sente a presença de alguém e vê os olhos de
uma mulher, Juvenal avisa Rodrigo que as moças de Santa Fé não eram de farra,
eram moças para se casar. Juvenal falou para Rodrigo, que achava que ele não
esquentava lugar ali e Rodrigo retrucou-o dizendo que não sabia por quê.
Rodrigo fica contando casos e versos de guerra, Juvenal então levanta se
despede e vai embora. Rodrigo pega o violão e começa a tocar e cantar quando
Pedro Terra está voltando da casa do vigário, ouve a voz daquele homem
desconhecido e mesmo sem ver seu rosto já não tinha gostado, baixou a cabeça e
andou em direção de sua casa.
Cap-2: Era
dia de finados quando Pedro Terra e sua família foram ao cemitério, era um dia
de sol. No cemitério haviam pequenos túmulos com apenas cruzes enterradas no
chão, havia apenas um jazigo, o da família Amaral. No tumulo de Ana Terra tinha
uma cruz com seu nome, sem nenhuma data. Em Santa Fé as pessoas continuavam a
marcar o tempo pelas fazes da lua e pelas estações, pois não tinham calendário,
quem os possuía era somente os Amarais e o padre Lara. Ninguém sabia ao certo
quando Ana havia nascido, mas sabiam que ela tinha morrido quando a noticia de
que os 33 de Lavalleja tinham invadido a Cisplatina. Diante do tumulo da mãe,
Pedro, ficava lembrando do pedido que ela havia feito, e ficava a olhar
fixamente para a filha e pensando o que seria dela, ele trabalhava como um
burro para que não faltasse nada a filha. Bibiana põe um ramo de margaridas sob
o tumulo da avó. Bento Amaral era apaixonado por Bibiana, levava-lhe presentes
e mais presentes na tentativa de conquistar a moça, mas ela não fazia nada,
Pedro não forçava a filha a se casar com ele pois, não gostava dos Amaral, as
moças da cidade tinham inveja de Bibiana. Com o jeito de Maneco e a teimosia de
Ana, assim era Bibiana, de vez em quando falava algumas frases da avó, e Pedro
lembrava-se da mãe, quando Bibiana recusava uma proposta de casamento,
lembrava-se que sua mãe tinha nojo de cheiro de homens e lembrava-se que Ana
recebera varias propostas de casamento depois que chegara em Santa Fé, recusara
a todas, Pedro não entendia o que seu pai havia feito de tão grave para sua mãe
nunca mais querer homem. Pedro e Arminda foram levar flores no túmulo de seus
outros 3 filhos, que haviam morrido ainda jovens, e Bibiana ficou ali
observando as formigas e lembrando que a avó era a única pessoa que confiava e
contava seus segredos, de repente lágrimas caíram de seus olhos, foi então que
Bibiana percebeu que estava sozinha. Aquela hora no cemitério já haviam outras
pessoas do povoado, Bibiana começou a procurar pelos pais com os olhos e
avistou um homem esquisito vestido metade de soldado, metade a paisano com um
lenço vermelho no pescoço, quando ela se deu conta de que estava olhando para o
homem fixamente, ajoelhou-se e ficou a fuçar no túmulo da avó, olhou com o
canto dos olhos e viu que o desconhecido continuava a lhe olhar, quando o homem
deu um passo em sua direção Bibiana levantou-se e foi ao encontro dos pais.
Quando ela viu que o desconhecido ia se aproximando virou-se de costas,
excitando Rodrigo. Ele então se aproximou e começou a puxar assunto com Pedro
Terra, que de cara viu que aquele homem era o violonista da venda de Nicolau,
cujo o qual não tinha gostado. Pedro e a família começaram a ir embora, quando
Bibiana subia na carroça seu vestido azul ergueu um pedaço e Rodrigo
vislumbrou-o o tornozelo enquanto falava com Pedro, já perto do portão do
cemitério, Rodrigo pediu-lhe um conselho do que deveria fazer com seu dinheiro,
plantar ou criar gado? Pedro simplesmente disse à Rodrigo para montar em um
cavalo e ir embora dali o mais rápido possível, aquilo ferveu o sangue de
Rodrigo mas ele não fez nada, simplesmente ficou olhando Pedro ir com a carroça
e a moça do vestido azul e lábios carnudos.
Cap-3: Pedro
havia construído sua própria casa, na esquina de frente pra praça, era uma casa
de tijolos e telhas; os tijolos Pedro mesmo havia feito em sua olaria e as
telhas vieram do Rio Pardo na carreta de Juvenal, a casa era quase vazia pois,
não tinha muitos móveis. Pedro nunca se sentia bem quando ia ao cemitério, após
o jantar Arminda e Bibiana começaram costurar sob a luz das velas, enquanto
isso Pedro sentado na sua cadeira a um canto da casa, fumava em silêncio e
observava a filha. Pedro sentia muito a falta da mãe, e ficava se perguntando
que, depois de trabalhar a vida toda será que era justo ter o corpo comido
pelos vermes? Bibiana era a única alegria do pai, mas Pedro tinha medo de
morrer de uma hora pra outra e deixar a filha e a esposa desamparadas, por isso
se preocupava em arranjar marido pra filha. Pedro ainda sentia as consequências
da guerra no corpo, por vezes ele sentia dores pelo corpo, ele também não
gostava da palavra GOVERNO pois, associava a palavra a impostos que nunca eram
a favor do trabalhador. Bibiana olhava para o pai e ficava lembrando daquele
homem que tinha falado com ela no cemitério, ela sentia algo estranho, sua mãe
lhe perguntou se estava acontecendo alguma coisa e Bibiana respondeu que não era
nada. Bibiana dirigiu o olhar para a janela que dava de frente pra figueira da
praça, ela começou a lembrar-se de quando Inocêncio Carijó se enforcou num dos
galhos da figueira, então Bibiana voltou os olhos para a porta que dava de
frente pra porta da venda de Nicolau, de onde vinham risos altos de homens.
Bibiana só pensava naquele forasteiro, nunca sentira algo parecido por qualquer
outro homem. Pedro Terra não tinha gostado daquele homem novo, Bibiana não
entendia o porquê se o pai não havia nem conversado direito com o homem. Pedro
lembrava dos tempos em que a peste da ferrugem atacou a lavoura de trigo e o
governo não fez nada para ajudar os agricultores, depois da ferrugem por volta
de 1820 uma seca danada destruiu as lavouras, só se salvou quem tinha criação
de gado, Pedro então teve de devolver as terras aos Amarais, por não ter como
pagar, o que lhe salvou foi a olaria. Os pensamentos de Pedro só mudaram quando
ouviu barulho de violão vindo da venda de Nicolau, e chegou a comentar com a
esposa que aquilo era uma falta de respeito com o dia de finados, Bibiana não
disse nada ao pai, mas sentiu um tremor no corpo.
Cap-4:
do outro lado da rua, sentado em uma cadeira com o violão no colo, Rodrigo
cantarolava alto porque sabia que do outro lado da rua morava a moça que lhe
arrancara desejo e sabia que ela podia estar escutando. Rodrigo continuava
tocando e olhando pra porta quando viu o Padre Lara na porta, este então pediu
para conversar com o Capitão Rodrigo Cambará, que largou de imediato o violão
no balcão da venda e seguiu em direção da praça com o padre. O padre e Rodrigo
chegaram mais perto da grande figueira da praça, quando Rodrigo viu que o padre
estava lhe enrolando perguntou logo o motivo daquela prosa, o padre então lhe
explicou que era apenas para que ele parasse de cantar e tocar. O padre começa
a enrolar Rodrigo novamente, ele então pede ao padre que chegue logo no
assunto, o padre então diz que Rodrigo precisa obedecer as regras daquele lugar
pois, quem mandava ali era Ricardo Amaral Neto. Rodrigo começava a olhar com o
canto dos olhos para a casa de Bibiana e
confundia sua vontade de tê-la com sua fome, o padre continuava a falar e ele
nem bola para a conversa, o padre então pediu para lhe dar um conselho e
Rodrigo fez que sim, padre Lara então pediu para que ele fosse embora daquele
lugar o quanto antes, Rodrigo não entendia porque que todos queriam lhe ver
longe dali. Rodrigo e o padre andam em direção da igreja e continuam
conversando quando Rodrigo lhe conta que está gostando e pretende se casar com
a filha de Pedro Terra, o padre se espanta e fala do Bento Amaral, ele nem bola
da para esse outro nome, conversa vai conversa vem Rodrigo diz ao padre que em
sua família nenhum homem morre de doença, “Cambará macho não morre na cama”.
Padre Lara falava a Rodrigo de todas as coisas que Deus havia feito, Rodrigo o
retrucava e ficava pensando no corpo de Bibiana e que um dia ela também iria
ficar velha. Rodrigo pede ao padre que não lhe quisesse o mal, pois pretendia
sentar juízo. O padre então lhe diz que nunca iria querer o mal de ninguém, ele
aconselha Rodrigo então que procurasse o coronel Amaral e quem sabe ele pudesse
Consentir a permanência de Rodrigo. Ele então deu boa noite ao padre e voltou
para a venda de Nicolau, Rodrigo já estava em seu quarto quando chamou por
Nicolau, mas Dona Paula, esposa de Nicolau, respondeu que ele tinha ido caçar,
Rodrigo então ficou todo faceiro, e pediu-lhe para que preparasse algo de
comer, como sabia que para ir até a cozinha a mulher teria de passar pelo quarto
dele, deixou a porta entreaberta e ficou no escuro esperando a mulher passar,
quando ele ouviu o barulho dos chinelos Rodrigo puxou-a para dentro de seu
quarto e jogou-a na cama, a mulher não fez nenhum gesto de repugnância.
Cap-5:
no outro dia Rodrigo foi até a casa dos Amaral com o padre Lara, este último
fez as apresentações e saiu da sala deixando os dois homens a sós para
conversarem. Coronel Amaral logo perguntou o que Rodrigo queria, ele disse que
ainda não sabia, foi então que Amaral se enfureceu e atirou uma espada para
Rodrigo e a outra segurava firme, Rodrigo então disse que não queria briga e
que Amaral não queria matar um homem sob seu teto. Os dois conversam em tom
agressivo quando o Coronel Amaral pediu para que Rodrigo fosse embora dali,
pois, não queriam confusão por aquelas terras. Rodrigo não queria ir embora
dali pois, poderia perder Bibiana, então tirou de dentro da túnica alguns
papeis e alcançou-lhes ao Amaral que começou a ler, nestes documentos haviam
elogios ao Cap. Rodrigo Cambará, estes elogios vinham de Bento Gonçalves da
Silva. Rodrigo e o coronel Amaral se confrontavam em meio as palavras, o
coronel Amaral contou-lhe a história do Zé Oliveira, mas nem isso intimidou
Rodrigo. Rodrigo dirigiu-se até a porta e disse que ia andando, o coronel
Amaral disse que para ir Rodrigo tinha permissão mas pra ficar não, Rodrigo
disse que ficaria e saiu da casa dos Amarais repetindo as palavras “MAS FICO!”
Cap-6: Ricardo
Amaral foi com a família para a estância, deixando caminho livre à Rodrigo, que
já conquistava a população de Santa Fé. Diziam que onde Rodrigo estava não
tinha tristeza pois, sabia perder nos jogos. Nicolau atrás do balcão fingia não
saber da traição da mulher com seu hóspede quando ele saía de casa. E assim se
passaram semanas e Rodrigo não tirava
Bibiana do pensamento, nem fazia questão; então pediu ao padre Lara que
o ajudasse a encontrar com ela, de inicio o padre não queria ajudar, mas no fim acabou
ajudando. Por aqueles dias Juvenal voltava com sua carreta de Cruz Alta,
Rodrigo então lhe fez uma proposta de abrirem uma venda melhor que a de Nicolau
ali, Rodrigo entrava com o dinheiro e Juvenal com a carreta para buscar a
mercadoria, no fim da conversa Rodrigo falhou-lhe também que queria se casar
com Bibiana, porém o velho Terra não lhe dava abertura para conversarem.
Juvenal gostou da ideia de serem cunhados, mas preferia esperar um tempo ainda
para que Bibiana se casasse com Rodrigo, Juvenal foi embora e Rodrigo ficou ali
na praça a contemplar a casa dos Terra na esperança de ver Bibiana e ficava
pensando no futuro, numa casa cheia de filhos e que pediria ao vigário para
ensinar seus filhos a ler, escrever e contar, mas sentia cheiro de fumaça vindo
da outra casa, era da casa de Nicolau de onde Rodrigo comia. Rodrigo andava
quieto nem cantava nem tocava mais, todos achavam estranho. Rodrigo só pensava
em Bibiana, que Pedro Terra havia mandado para a estância de um amigo, Rodrigo
não queria nem se deitar com dona Paula mais, só pensava em Bibiana e estava
certo já que quando ela voltasse casarias-se com ela nem que tivesse de passar
por cima do cadáver de quem fosse.
Cap-7: o
ano novo passou e a filha de Rosinha prima de Pedro Terra, ia se casar com um
moço de Porto Alegre, o pai da noiva então mandou preparar um festão, na semana
do casamento Santa Fé não falava de outra coisa. Dias depois o noivo chegou em
Santa Fé sozinho, acompanhado somente de dois escravos, ele vinha de cabeça
baixa e quieto, mas logo conquistou as pessoas. O Padre Lara comparava o noivo
recém chegado ao Rodrigo que era completamente diferente, até mesmo no modo de
falar. O padre Lara recebera com alegria os jornais e noticias que o noivo
trouxe de Porto Alegre. O padre Lara ficava lembrando da Idade Média, onde
ateus se escondiam e pensava que um dia isso ia voltar. O noivo era muito
religioso, falava diferente. O padre admirava-se de Rodrigo que nunca procurava
saber sob Deus, mas sabia do inferno e do céu. Padre Lara ficava imaginando o
que seriam daquelas terras , daquela gente cem anos mais tarde e sentia vontade
de poder viver para ver o desfecho daquilo. O vigário tinha medo das igrejas
luteranas começarem a aparecer pois, a imigração de alemães crescia cada dia
mais. Na manha do dia do casamento o vigário sentou na escadaria da igreja e
ficou olhando para o alto da coxilha, onde estava o cemitério, e ficava
imaginando quando ele morresse, para onde iria, céu ou inferno?
Cap-8:
na noite do casamento após a cerimônia na igreja todos foram para o quintal da
casa de Joca Rodrigues, pai da noiva, onde estavam preparando uma grande festa.
Do lugar onde estava sentado Rodrigo podia ver Bibiana, acompanhada de Bento
Amaral para o qual não dava a mínima atenção. Rodrigo lembrava-se de que não
podia se embriagar para não cometer besteira. O gaiteiro começou a tocar, o
churrasco ia e vinha no meio dos convidados, Rodrigo não tirava os olhos de
Bibiana, por um segundo olhou a noiva na ponta da mesa e prometeu a si mesmo
que em pouco tempo seriam ele e Bibiana quem estariam sentados numa mesa como
aquela. Por um instante Bibiana o olhou, foi ai então que ele teve a certeza de
que ela também estava apaixonada por ele. Após o brinde dos noivos os olhos de
Rodrigo e Bibiana se cruzaram novamente, Rodrigo percebeu que estavam
observando-o quando ele voltou seu olhar para Pedro Terra, que estava sério,
Rodrigo abanou, mas Pedro não fez o mínimo gesto.
Cap-9:
depois do jantar arredaram as mesas e começaram a dançar o fandango; Rodrigo
via Bibiana e Bento Amaral do outro lado do terreno e sentia uma vontade louca
de agarrar a moça. Com uma vontade terrível de matar Bento Amaral, Rodrigo
abraçou a árvore, o Padre Lara estava com medo de que ele fizesse alguma
besteira. Joca Rodrigues pediu para Bento Amaral marcar o anu, ele de pronto
aceitou cujo par seria Bibiana. A música parou e recomeçou, Rodrigo foi até o
padre e disse que iria tirar Bibiana para dançar e queria o vigário por perto
para que todos pudessem ver que não iria fazer nenhuma bobagem. Rodrigo foi até
Bibiana e pediu-lhe para que o acompanhasse na próxima música; todos no terreno
se aquietaram, como se estivesses esperando por aquele momento, Bento Amaral
então respondeu à Rodrigo que a moça já estava acompanhada, Rodrigo fingia não
o escutar, de olhos fixos à moça que estava de cabeça baixa, Bento enfurecia-se
cada vez mais com a ousadia de Rodrigo e todos ficavam impressionados porque
Rodrigo não o enfrentava. Pedro Terra levava a filha dali, enquanto os homens
brigavam, quando Rodrigo ia saltar no pescoço de Bento sentiu que alguém o
segurava. Bento havia dado um tapa na cara do Capitão e agora os homens não o
soltavam para defender-se e Juvenal de um canto gritava que aquilo não era
certo, ele tinha de defender-se. Agora era Bento e Juvenal que confrontavam-se
verbalmente, Joca Rodrigues ordenou que não queria briga dentro do terreno
dele, Bento então disse que não precisava ser ali e que o mundo era grande,
aquilo foi como um intimado à Rodrigo. Bento e Rodrigo marcaram de se encontrar
no alto da coxilha, atrás do cemitério, Juvenal se meteu na briga pedindo para
que Bento prometesse que se Rodrigo o acertasse deixaria ele ir embora em paz e
Bento concordou. O prometido era que não levassem arma de fogo, somente adaga.
Rodrigo disse ao padre que caso ele não voltasse, embaixo de sua cama havia um
baú com dinheiro que devia ser repartido entre Juvenal e a igreja e entregou a
arma ao padre. Era debaixo da figueira da praça que dariam a largada, quando
Rodrigo foi até o quarto pegar a sua adaga viu que no canto escuro do quarto
estava Paula, agarrou-a com fúria e amou-a rapidamente pensando em Bibiana.
Debaixo da figueira Juvenal dava as regras, o adversário que sobrevivesse viria
até a praça dar sinal para que fossem buscar o corpo, caso não viessem em uma
hora iriam ver o que estava acontecendo, ambos concordaram com as regras e
saíram, Bento pela direita e Rodrigo pela esquerda.
Cap-10:
chegaram ao ponto marcado, começaram a se preparar, quando Bento avançou
Rodrigo o atacou, Bento derrubou sua adaga e Rodrigo jogou longe, Bento começou
a recuar alguns passos. Mas Rodrigo deu uma chance e deixou-o juntar a arma.
Bento voltou a lutar, ficaram corpo a corpo, Rodrigo segurou uma das mãos de
Bento entre suas coxas e a outra segurou com a mão livre, Bento estava
imobilizado quando Rodrigo fez-lhe um risco na cara, saltou um pingo de sangue
em um dos olhos do Capitão, cegando-o brevemente, meio as cegas conseguiu fazer
uma meia lua no rosto de Bento, quando este cuspiu na cara de Rodrigo caiu no
chão, Bento sentado no chão pôs as mãos no rosto e Rodrigo disse-lhe que não
queria mata-lo somente terminar o serviço, só faltava à perninha do R. Enquanto
isso na casa de Pedro Terra o vigário acendia um cigarro atrás do outro, Pedro
estava de cara fechada e não falava nada enquanto Juvenal andava de um lado
para outro. Bibiana no quarto com a cabeça no travesseiro chorava e rezava ao
pé do cristo sem nariz, fazendo promessas, não tinha coragem de encarar a
família pois, aquilo só estava acontecendo por sua causa. Bento Amaral voltou
com um lenço ensanguentado no rosto e mandou irem buscar o corpo, então
Juvenal, Joca Rodrigues e mais dois homens foram a galope buscar Rodrigo, que
estava caído no chão ensanguentado, Juvenal aproximou-se do corpo e ouviu o
coração, está vivo! Levaram-no para a vila, para salva-lo, porém aquele ferimento
não era de adaga e sim, de arma de fogo.
Cap-11:
Juvenal levou o ferido para sua casa, padre Lara falou que Rodrigo entregou sua
pistola a ele antes de irem para a coxilha, Bento havia ido para sua estância
depois do acontecido. Juvenal não abandonava a cabeceira da cama onde estava o
Capitão Rodrigo Cambará, chamaram todos os curandeiros da região, todos que
passavam por ali comentavam algo e o caso ia se espichando, um falava uma coisa
o outro outra, passaram-se alguns dias e Rodrigo melhorava e piorava ao mesmo
tempo, um dia foram chamar o padre para dar a extrema unção ao Capitão, o padre
então pediu para que Juvenal saísse do cômodo. O padre aproximou-se da guarda
da cama e combinou com Rodrigo uma linguagem de símbolos, caso ele quisesse
dizer SIM piscava uma vez, caso quisesse dizer NÃO piscaria duas vezes. Quando o
padre lhe perguntou se se arrependia de todos os pecados ele piscou duas vezes
para espanto do vigário, que continuou insistindo para que Rodrigo se
arrependesse. De súbito Rodrigo ergueu uma das mãos e mostrou o dedo ao padre,
que levou um susto e saiu do quarto.
Cap-12:
passaram dias e Rodrigo melhorava a passos rápidos, as pessoas falavam que
aquilo era um milagre, quando o Capitão levantou da cama foi até a porta que
dava de frente para a figueira, olhando para a árvore ele sentia que amava
aquela terra e olhou fixo para a casa dos Terra pensando em Bibiana, começou a
chorar e quando se deu por conta do choro começou a rir, a mulher de Juvenal
mandou Rodrigo se deitar para descansar. Rodrigo então se sentou com Juvenal
para tomarem um chimarrão, enquanto isso Juvenal limpava as unhas com um punhal
de prata que tinha herdado de sua avó Ana Terra. Juvenal percebeu os olhos
compridos de Rodrigo para sua esposa e por isso não via a hora dele estar bom
logo e ir para o quarto na venda de Nicolau.
Continuaram a tomar chimarrão e conversar, Rodrigo então achou melhor no
outro dia voltar para a venda do Nicolau e fazer a barba, Juvenal não disse
nada.
Cap-13: eram
princípios do outono, Rodrigo já estava forte como nunca, até dizia que “estava
pronto pra outra”. O padre Lara foi falar com o Capitão, disse que tinha
conversado com Ricardo Amaral e que este não achou justo o que o filho tinha
feito e disse que concedia a permanência de Rodrigo no povoado. Rodrigo deu uma
breve risada e pediu ao padre que lhe ajudasse com Pedro Terra, pois queria se
casar com Bibiana, queria mudar de vida pois já não era nenhum moço, passava
dos 35 anos já.
Cap-14:
Bibiana havia se confessado com o padre Lara; agora ele sabia que ela também
era apaixonada pelo Capitão Cambará, foi então que resolveu ir falar com Pedro
Terra. Numa noite após o jantar o vigário foi conversar com Pedro e Arminda
Terra, o vigário tentou, mas Pedro era turrão, o padre então teve de violar o
segredo do confessionário e falou ao pai de Bibiana o que a moça sentia pelo
Capitão, Pedro ficou assustado, mas mesmo assim ainda não concordava, porém a
mãe de Bibiana, concordava com o padre. Pedro então chamou Bibiana até a sala e
perguntou a ela qual era seu sentimento perante Rodrigo. Bibiana pensou em
mentir, mas seria pior se mentisse, então falou a verdade de cabeça baixa
olhando para as botas do pai, e quando ele perguntou se ela estava pronta para
arriscar, ela encarou os olhos do pai e disse que sim. Pedro então tentou
convencer a filha de que ela estava errada, mas Bibiana era teimosa como a avó,
Pedro então não tinha mais nada o que fazer a não ser aceitar, mas pediu para
que o padre e a esposa fossem testemunha de tudo o que ele disse a filha, esta
então confrontou o pai dizendo que nunca reclamava de nada e nem de ninguém e
que não seria agora que faria isso.
Cap-15:
Bibiana e Rodrigo casaram-se por volta de dezembro de 1829; Pedro ficou o
casamento inteiro de rosto fechado como se estivesse de luto, Arminda
choramingava de vez em quando. Os noivos foram morar numa casa na entrada da
vila, na peça maior da frente ficava a venda de Rodrigo e Juvenal. Na noite de núpcias Bibiana estava nervosa e
envergonhada, Rodrigo quase ficou envergonhado, mas o vinho não o deixara, ele
amou Bibiana como se estivesse há muito tempo sem ter mulher. Bibiana sentia-se
pecadora diante de seus pais e das pessoas do povoado, mas isso não tirava a
sua felicidade, cada detalhe de Rodrigo, cada gesto a encantava mais. Bibiana
comparava o pai ao marido e via que ambos eram totalmente diferentes; o marido
era tão engraçado e barulhento que ela pensava estar vivendo em pecado, devido
à maneira como tinha sido criada. Ela não conseguia entender o “calor” que o
marido sentia, por vez sentia-se envergonhada mas, ao mesmo tempo queria aquele
amor todo. Numa noite Rodrigo pôs a esposa no colo e começou a beija-la
freneticamente, sendo que Bibiana ficava de frente pra porta, ela avistou dois
vultos no escuro e reconheceu seus pais, que chegaram até a porta e deram meia
volta no caminho de volta pra casa, Bibiana tentava se livrar do marido naquela
situação, e ao ver seus pais voltando sentiu uma grande vergonha, pois pode ver
a decepção no rosto do pai.
Cap-16:
Bibiana já esperava o primeiro filho, que nasceria por volta de outubro,
Rodrigo ficava feliz pelo filho, mas via diante de seus olhos a beleza de
Bibiana se desfazer, aquele seu desejo ardente por ela estava acabando e ele já
pensava em outras mulheres. Bibiana já percebia o que estava acontecendo com o
marido, mas não dizia nada, ela chorava às escondidas ao pensar no parto, dona
Arminda tentava consolar a filha, mas de nada adiantava. Quando era época de
Juvenal ir ao Rio Pardo, Rodrigo ofereceu-se para ir em seu lugar, o cunhado
então ficou com medo de que ele pudesse não voltar, mas mesmo assim deixou-o
ir. Bibiana nada disse perante a decisão do marido, porém sentia a sensação de
que ele nunca mais iria voltar, mas mesmo assim não se queixava a ninguém, as
“amigas” de Bibiana a provocavam fazendo perguntas sobre quando Rodrigo
voltaria. Ela voltava pra casa, agarrava o dólmã do marido e chorava de
mansinho, quando sentiu o filho se mexer no ventre abriu um largo sorriso, no
momento Bibiana lembrou-se da avó e ficou imaginando-a com o bisneto no colo.
Era inicio do inverno quando Rodrigo voltou; Bibiana sentiu-se sufocada perante
os beijos do marido. Bibiana se lembrava do que a avó dizia “Todas as mulheres
de nossa família nasceram pra sofrer”. Já passava de outubro e o filho de
Bibiana ainda não havia nascido para contragosto de todos, no dia de finados
por volta das quatro horas da tarde berrava um choro de criança na casa de
Rodrigo Cambará; Bibiana não gostou muito do dia em que o filho tinha nascido,
mas Rodrigo a consolou dizendo que fora neste mesmo dia em que eles haviam se
conhecido.
Cap-17: Rodrigo
estava muito feliz com a chegada do filho, que foi batizado com o nome de
Bolívar, Bibiana não tinha gostado muito do nome que o marido havia escolhido
para o filho, mas não fez o mínimo gesto, pois aceitava calada todas as
decisões do marido, o padre Lara batizou Bolívar naquele mesmo novembro,
Juvenal e a esposa foram os padrinhos. O vigário já começava a perceber as
inquietações de Rodrigo e se sentiria culpado caso algo acontecesse a Bibiana,
pois de certo modo tinha sido o fiador daquele casamento. Bibiana cantava
cantigas de ninar antigas ao filho que chorava. Rodrigo e o padre conversavam
na frente da venda de como o mundo deveria ser e falavam da igreja. Rodrigo
indagava o padre sobre como a igreja obedecia ao governo. Rodrigo levava o
padre até em casa, enquanto isso o padre lhe falava que em breve Santa Fé iria
virar vila e Rodrigo só concordava com o que o vigário falava. Rodrigo voltou
pra casa e viu Bibiana trocando as fraldas do filho e dizia que quando ele
fosse grande arrumaria as mulheres ao filho, Bibiana não gostou do comentário
do marido, mas não falou nada. Bibiana então comentou com o marido de que um
filho só era pouco e ficaria muito mimado, mas na verdade ela pensava em ter
uma menina para lhe fazer companhia mais tarde, Rodrigo agarrou a mulher e
trataram logo de fazer o próximo filho.
Cap-18:
por volta de 1831, padre Lara batizava Anita, filha de Bibiana e Rodrigo. Pedro
Terra se afastava cada vez mais da filha e do genro, pois diziam que Rodrigo se
deitava com a neta da Paraguaia, que a vendia por poucos trocados. Bibiana não
se importava pois, tinha os filhos que a entretém. Rodrigo mostrava a filha aos
homens da venda, como se fosse uma mercadoria preciosa, mas Rodrigo preferia
ainda Bolívar, que começava a dar as primeiras palavras, ele fazia planos ao
filho, falava que quando Bolívar soubesse falar direito iria o ensinar a falar
alguns palavrões porque todo homem macho deveria saber. Porém Rodrigo se
irritava com os filhos quando estes o acordavam no meio da noite com choros,
Bibiana contratou uma índia velha para cozinhar e passou a ficar mais tempo com
os filhos, na hora que ela ficava na roca com Bolívar e Anita a sua volta as
ideias fluíam sua mente. Bibiana sabia das traições do marido, mas não ficava
brava e nem com ciúmes, a única coisa que queria era que Rodrigo continuasse
sendo seu marido. Ela sabia que o marido era bom, não podia ver covardia nem
briga, ninguém no povoado conseguia entender.
Cap-19:
em 1833, duas famílias alemães chegaram naquele povoado, os moradores da vila
tentaram se comunicar com os novos moradores, mas sem sucesso pois eles
pareciam não entender e nem falar o português. A filha de um dos alemães, Helga
Kunz era bela, de uma beleza admirável que chegava a intrigar alguns homens
dali. Os homens das famílias falavam pouco o português, quase anoitecendo foram
na venda de Rodrigo fazer algumas compras, e acamparam na praça. Durante a
noite o padre Lara não conseguia dormir por causa da sua asma, resolveu sair
para caminhar e ao se aproximar do acampamento contou doze pessoas dormindo,
ele então se perguntava porque diabos aquela gente tinha vindo parar ali. As
pessoas de Santa Fé diziam que o padre parecia um lobisomem com suas cainhadas
noturnas, por um momento o padre viu um vulto e logo se lembrou das lendas da
Salamanca, lobisomens e duendes que aquela gente falava, porém o vigário nunca
acreditou nessas histórias, aproximando-se da casa de Chico Pinto ouviu vozes e
uma delas era a de Rodrigo, logo veio em seu pensamento Bibiana triste,
resolveu então voltar pra casa e dormir.
Cap-20:
era um dia de sol e céu limpo, Rodrigo atrás do balcão da venda posse a pensar
em como seria bom andar por esse mundo sem rumo, pois não queria ficar velho
como o padre. Um mulato das redondezas chegou na venda e Rodrigo não deu bola,
o mulato lhe pediu algumas coisas e Rodrigo entregou com raiva a mercadoria,
foi então que percebeu que aquela não era vida pra ele. Rodrigo então fechou a
venda foi até o pátio encilhou o cavalo e saiu a trotear pelos campos sem dar
satisfação à esposa; aquele vento batendo no seu rosto, o trote do cavalo, o
voo dos pássaros, aquela sensação de liberdade, batiam como música aos ouvidos
do Capitão; subindo o alto de uma coxilha avistou de longe o lajeado do Bugre
Morto e pôs-se a trotear com o cavalo em direção da água, ao chegar lá
despiu-se a tirou-se na água, mergulhou um pouco e depois começou a se lembrar
de Helga Kunz, de como seria bom ter a branquinha em seus braços; saiu da água
e ficou deitando a se secar com o calor do sol, quando percebeu que já estava
seco vestiu-se e foi até o rancho da Paraguaia, teve uma com Honorinda e depois
dormiu ali mesmo, por volta das cinco horas da tarde voltou pra Santa Fé, agora
batia-lhe um arrependimento e uma saudade da mulher e dos filhos. Rodrigo
chegou a pensar em começar a criar gado, era mais divertido. Rodrigo agora se
lembrava de uma madrugada que voltava da casa de Honorinda e viu os Kunz irem
para a lavoura; naquela tarde em que Rodrigo voltava pra casa passou pela
família alemã e os cumprimentou.
Cap-21: a
população de Santa Fé estava alvoroçada pois já era fim de 1833 e diziam-se que
em 1834 o povoado seria elevado a vila. As noticias da corte chegavam tarde ali
por aquelas bandas, vinham por meio de visitantes de Porto Alegre. O padre Lara
que de vez em quando ia à casa dos Amarais, saía de lá com noticias “frescas”
que contava à população. O coronel Amaral ora era do Partido Restaurador, que
desejava a volta de Dom Pedro I ao trono, ora era do Partido Liberal, comandado
por Bento Gonçalves, o vigário tinha medo que logo estourasse uma guerra civil,
Rodrigo adorava a ideia pois, dizia que os homens e as armas já estavam
enferrujados. Enquanto isso na casa dos alemães, Helga ficava cada vez mais
bonita, tudo na casa dos estrangeiros era diferente até o cheiro das coisas, o
que intrigava e incomodava algumas pessoas de Santa Fé, até o modo como os
alemães comemoravam as datas festivas era diferente, os santa-feenses não
conseguiam entender a cultura daquela gente. Na noite de ano novo todos se
reuniram na praça para comemorar a chegada do novo ano, Bibiana tinha ficado em
casa cuidando dos filhos, ela não se incomodava que Rodrigo estivesse no meio
daquela gente dançando e bebendo, assim não estava jogando e nem metido com a
neta da Paraguaia, perdendo dinheiro. Sentado na frente da igreja o padre
começou a procurar com os olhos por Rodrigo, mas não o encontrou, veio logo na
mente que ele pudesse estar metido com a neta da Paraguaia, lhe bateu um
arrependimento de ter contribuído para a infelicidade de Bibiana. Nesse momento
Rodrigo estava com Hela atrás do cemitério onde haviam transado loucamente,
deitados ali atrás do cemitério sob o capim Rodrigo pensava ironicamente em que
“os mortos não tem ouvidos para ouvir, nem olhos pra ver nem boca pra falar”,
ele se sentia tão vivo como nunca.
Cap-22: na
manha seguinte algumas pessoas viram Rodrigo e Helga saírem de trás do
cemitério e o comentário foi geral pelo povoado, quando a noticia chegou aos
ouvidos de Pedro Terra, saiu caminhar pelo capo pensando na vida que a filha
levava. Bibiana recebeu a noticia como um soco, ela não se importava que ele se
deitasse com Honorinda, mas aquela alemã dava-lhe um certo medo de perder o
marido pois, a rapariga era moça e bonita. Rodrigo tentou falar com Helga nos
dias que se seguiam, mas não conseguiu, a todo instante ela fugia dele e com
isso ele bebia e jogava cada vez mais. Dias se seguiram e o noivo de Helga veio
lhe buscar para se casarem em São Leopoldo, com isso Rodrigo ficava inquieto e
tratava a esposa e os filhos com aspereza. O inverno daquele ano foi duro,
Anita estava muito doente nenhum curandeiro da vila acertava o que a menina
tinha, Bibiana então chamou a mãe, dona Arminda foi e tentou ajudar de todo
modo mas, nada adiantava a menina não melhorava; Rodrigo estava jogando na casa
de uma migo; Bibiana então chamou a índia cozinheira para ir chamar Rodrigo,
que recebeu a noticia de que a filha estava mal, mas nem se quer moveu-se da
cadeira. Rodrigo continuava jogando, quando o filho do vizinho veio lhe dar a
mesma noticia, de que Anita estava muito mal, ele mais uma vez nada fez para
acudir a filha e continuou jogando, só que desta vez ele começava a perder. O
dia estava quase clareando quando Rodrigo voltou pra casa, o vento minuano
ardia-lhe na cara, ao entrar em casa viu Bibiana deitada ao lado de Bolívar,
este dormia enquanto d .Arminda tentava consolar a filha. Rodrigo olhou para o
berço e viu um lençol branco sob o corpo de Anita, de um canto do quarto o
padre Lara dizia-lhe que já fazia mais de hora que a menina tinha falecido,
então Rodrigo sentou-se em uma cadeira e começou a chorar desesperadamente.
Cap-23: era
agosto do mesmo ano e Bibiana preparava-se para ter o próximo filho, Pedro
mandou um recado a filha para que se ela quisesse voltar pra casa ele a
aceitaria de volta, mas Bibiana não quis era teimosa como a avó. Rodrigo não
bebia e nem jogava mais depois da morte da filha e passou a tratar com mais carinho
a esposa. Bibiana deu a luz para outra menina e Rodrigo foi logo espalhando a
noticia feliz, batizaram a menina com o nome de Leonor. O padre gostava de ver
Bolívar brincar com o primo Florêncio; devido ao mal tempo do inverno ele não
podia sir em suas caminhadas noturnas então pegava os jornais velhos que lhe
mandavam e lia até que o sono viesse. Nos jornais que o vigário lia tinha
noticias de que mais cedo ou mais tarde uma guerra iria estourar.
Cap-24: era
fim do verão de 1835, quando Juvenal voltou do Rio Pardo com sua carreta, de lá
trazia as noticias do governo e dizia que a qualquer momento a guerra podia ter
inicio, Juvenal também dizia que os impostos haviam aumentado para os criadores
de gado e lavradores. A corte achava que os continentinos só serviam para
guerrear, pois não se podia criar nada que lá vinham mais impostos, Pedro
recebia essas noticias com repugnância. Ricardo Amaral voltava de Porto Alegre
e deu a noticia de que era questão de semanas pra guerra estourar, pois o
Presidente Fernandes Braga queria fazer do continente uma província
independente. Na câmara de vereadores de Santa Fé, o coronel Ricardo Amaral
dava a noticia e dizia que deviam reunir forças para proteger a região, Pedro
Terra confrontou o coronel Amaral votando contra, este então mandou prender
Pedro, pois todos ali deviam estar do lado do governo. Ao prenderem Pedro logo
prenderam Juvenal e Rodrigo. Juvenal foi até a casa da irmã e ficou sabendo que
Rodrigo já tinha fugido, Bibiana contava tudo ao irmão com uma tristeza calma,
afinal de contas por um lado era melhor que o marido tivesse longe, Juvenal
perguntou a ela pra onde havia ido o marido, mas ela não sabia responder,
Juvenal então concluiu que o cunhado tinha ido se juntar a gente do coronel
Bento Gonçalves, pois dizia sempre que caso a guerra estourasse seria isso que
faria.
Cap-25:
chegara a noticia de que a guerra tinha estourado e de que o Coronel Bento
Gonçalves da Silva, chefe das forças revolucionárias invadiu Porto Alegre. Os
dias de guerra iam se passando e Bibiana ficava esperando por noticias do
marido, o padre Lara a visitava com mais frequência para talvez diminuir sua
culpa pelo sofrimento de Bibiana. Bolívar ia crescendo e alguns gestos que
fazia o vigário reconhecia gestos de Rodrigo. Os homens das famílias alemães
também foram recrutados, todos desataram a chorar mas no outro dia eram as
mulheres quem foram para a lavoura. Tudo o que fosse produzido naquelas
redondezas seria dado ao coronel Amaral para alimentar seus homens. O padre
Lara ficava imaginando como os historiadores iriam contar aquilo dali a cem
anos. E ficava ali conversando com Bibiana, olhou no berço Leonor e foi embora
lutando com sua respiração. O ano de 1855 já tinha passado, já eram meados de
1836, a guerra ainda não tinha fim, numa tarde Pedro Terra e a esposa foram
visitar a filha, Pedro perguntava a filha porque ela não voltava pra casa e Bibiana
disse que ali era sua casa e que quando Rodrigo voltasse deveria encontrar ela
e os filhos ali.
Cap-26:
eram meados de abril quando a noticia de que a guerra iria chegar a Santa Fé
espantou os moradores, os revolucionários queriam acertar contas com o coronel
Amaral, supostamente chegariam pelo lado leste, as pessoas saíram de suas casas
com pertences e foram refugiar-se nas casas do lado oeste; o sino da igreja
badalou como se estivesse anunciando o fim do mundo. Juvenal foi até a casa da
irmã para busca-la mas ela não queria sair dali pois, algo dizia que Rodrigo
iria voltar; Bibiana então deixou o irmão levar os filhos pois sabia que era
loucura arriscar a vida dos inocentes. Muitas pessoas de Santa Fé fora para a
igreja, em meio a reza ouviram os gritos de Maria da Graça, filha de Chico
Pinto, a moça ia ter criança, o vigário mandou todos pra fora da igreja somente
a parteira permaneceu, lá da praça puderam ouvir o choro da criança. Naquela
noite os moradores começaram a ouvir os primeiros tiros; o coronel Amaral
mandou prender Pedro e Juvenal, pois estes supostamente iriam se juntar as
forças dos farrapos. Eles iriam atacar a casa dos Amarais, as noticias corriam
pela cidade aos gritos. Alguns viram fumaça vindo de trás do cemitério, alguns
diziam que iriam acampar por ali aquela noite outros diziam que estavam apenas
se preparando pra atacar.
Cap-27:
Bibiana ficou ali no escuro esperando a volta do marido, mas tinha medo de
estarem armando uma emboscada a Rodrigo, pois sabiam que ele procuraria a
família, no escuro Bibiana começou a ouvir vozes de homens mas no fim não
passava de um imenso silencio. Bibiana ouviu tiros perto dali e começou a rezar
mas, não sentia as palavras, mas sentia que Rodrigo estava chegando. Perdeu a
noção do tempo, ouviu uma voz lhe chamar e de imediato a reconheceu, era a voz
do marido, de inicio pensou em ter caído no sono e que aquilo não passava de um
sonho, quando ouviu a voz novamente percebeu que não tinha dormido e tinha os
olhos arregalados. De imediato foi até a porta e sentiu os braços do marido
agarrar-lhe a cintura. Rodrigo contou a esposa das proezas da guerra e os
lugares por onde havia passado. Rodrigo voltou a agarrar a mulher, aquela fúria
que a segurava lhe dava um certo modo de tranquilidade, mas agora tinha a
sensação de que aquela seria a última vez que faria aquilo. Um dos soldados
Rodrigo veio lhe chamar, Rodrigo então beijou novamente a mulher e mandou-a
fritar umas linguiças e se cuidar dos tiros que ele já voltava, Bibiana pediu
ao marido que se cuidasse.
Cap-28: o
Capitão Rodrigo foi até a casa do padre Lara para certificar-se de que ele não
estaria na casa dos Amarais, pois sua intenção não era de ferir o vigário. O
padre veio até a porta falar com Rodrigo, a única coisa que pediu foi para que
se cuidasse, Rodrigo então lhe retrucou dizendo ainda não tinham inventado arma
que pudesse mata-lo. O vigário voltou para seu quarto, pegou o caderno de
orações mas, não conseguia rezar, ficava atento ao tiroteio lá fora, seu maior
medo não era ser atingido e morrer, mas ver as outras pessoas sofrerem era o
que lhe afligia. O dia já começava a clarear quando um dos soldados de Rodrigo
bateu na porta da casa do vigário dando-lhe a noticia de que haviam invadido a
casa dos Amarais, o Coronel Ricardo Amaral estava morto, seu filho fugiu e
quando o soldado começou a falar pro padre que Rodrigo tinha sido um dos
primeiros a invadir o casarão e tinha levado um tiro no peito que o matara, o
soldado começou a chorar como se esperasse um milagre do padre para ressuscitar
o Capitão. Padre Lara começou a ir em direção da casa de Bibiana para lhe dar a
noticia e de súbito lágrimas geladas começaram a escorrer pelo rosto do
vigário. Enterraram os mortos naquele mesmo dia, toda a população de Santa Fé
foi ao enterro do Capitão Rodrigo Cambará, todos fizeram questão de atirar um
pouco de terra sob o caixão. No enterro do coronel Ricardo Amaral haviam
pouquíssimas pessoas. No dia de finados Bibiana e os filhos foram até o
cemitério; agora ela pensava, o marido estava tão perto da velha Ana Terra, as
pessoas a quem ela mais amou, talvez fosse uma ironia eles estarem enterrados
na sombra do jazido da família Amaral. Bibiana pegou os filhos e foi pra casa,
pois não queria que ninguém a visse ali.
Este
resumo da obra de Erico Verissimo “Um Certo Capitão Rodrigo” da série O Tempo e
o Vento – O Continente I, foi feito especialmente para uma aula de literatura e
foi escrito por mim, Alessandra Wolf Sandri, com intuito de instruir na hora da
apresentação em sala de aulas. Resolvi postar esse resumo, com intuito de
despertar nas pessoas o interesse da leitura do livro. Para chegar a esse
resumo, foi preciso ler e reler a obra, cuja qual eu amei, pois no livro você
começa a ler e não quer parar mais sempre quer saber o que irá acontecer no
próximo capitulo. Talvez o melhor romance de todos os tempos da literatura
brasileira.
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