Noite dos solitários

   
Subo as escadas, um som alto já está tocando mas, não consigo entender a letra da música, abro a porta do apartamento e entro, olho em volta algumas pessoas desconhecidas, algumas, poucas pessoas conhecidas. Ando em direção da copa, e peço uma cerveja, o guri me alcança o copo e então saio pra dar mais uma volta, ver se conhecia mais alguém. Volto pra copa, encho o copo e ao sair me esbarro em um guri, com o qual já namorei, cumprimento-o, por educação.
   Volto pra sala onde as pessoas estão dançando. Meu celular toca, uma nova mensagem: "ESTOU AQUI". olho pros lados pra ver se o enxergo, finalmente o vejo, passa pela minha frente sem nem ao menos dar um abraço. Me senti mal por isso mas não chorei, não sei porque mas aquilo me deu mais vontade de beber, lá fui eu encher o copo novamente. Ele está na copa, me esbarro nele de propósito. Quero chamar sua atenção pra mim. Mas nada, Ele foi falar com as amiguinhas, tudo bem não me importo mais, ou talvez me importe, mas de que adianta se nada irá mudar?
Continuo ali parada na porta da copa com o copo cheio. Agora começam a chegar alguns conhecidos com quem posso conversar, mas cumprimentam-me e passam reto. Fico ali sozinha com o celular na mão esperando uma nova mensagem, mas nada. Já não estou me sentindo bem, vou pra casa. No caminho vomito ao lado de um poste de luz, é estranho porque isso nunca aconteceu comigo antes, mas não começo a chorar pelo contrário rio baixinho, porque já é tarde e os vizinhos já estão dormindo e não quero acordar ninguém. Já era tarde pra quem estava em casa e cedo para aqueles que estavam na festa. Chego em casa cuidando pra não fazer barulho e acordar as pessoas, deito-me mas fico acordada por mais alguns minutos e durmo, um sono pesado que quase parecia um desmaio, acordo na hora de sempre mas fico deitada lembrando do que tinha feito na noite que se passou. 
   Conclui que a mais pura verdade é: não tenho amigos, sou a própria amiga de mim mesma, os conhecidos nem educação tem, e aqueles que amamos é melhor não esquecer, mas deixar passar tudo o que nos fazem; hoje sou eu quem sofro com tua ausência amanha pode ser você no meu lugar.

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