A menina do mundo II

-Ela é muito estranha
-Disso eu já sei.
-Mas veja
-O quê?
-Onde será que ela esconde os sonhos
-Ah, meu caro, não sei
-Talvez no sótão.
-É, talvez.
-O que importa também...
-Mas, talvez ela guarde os sonhos no coração e não na cabeça.
-Você quer dizer então, que a menina guarda os sonhos embaixo da escada.
-É, pode ser...
-Vai entender também
-Ela é mesmo muito estranha.
-E continua fechada em seu mundinho
-Será que lá é escuro?
-Não sei...
-Sinto medo dela
-Mas, porque?
-Não sei, as poucas vezes que nos aproximamos...
-Oh, não!
-O que?
-Você está apaixonado pela menina estranha.
-Não... Não é isso.
-Ufa, ainda bem, ela é muito estranha.
Mas lá no fundo ele sabia da verdade, e não podia ficar por mais tempo se enganando daquela maneira, ela era estranha mesmo, mas quem pode mandar nos sentimentos? O tempo passou e tudo aconteceu...
-Ela é estranha mesmo...
-Mas o que posso fazer, se ela me prende sem nem estar perto de mim...
-É loucura, mas eu tento entender
-Fico feliz que consiga me compreender.
-Mas, você já falou pra ela, desses seus devaneios?
-Não, ainda não. Como posso falar, se ela não da espaço pra ninguém conversar nada com ela.
-Seria uma cena e tanto ein...
-É, seria. 
-Mas, você tem coragem?
-Coragem? Acho que tenho, se não tiver quando for a hora certa eu crio, porque pra falar de amor não precisa ter coragem, mas sim sentir...
-É, realmente ela prende as pessoas...
-Vou indo nessa
-Fazer o que em casa?
-Admirar minha bela da janela...