O último dia

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O último dia tem sido comemorado, meus colegas emocionados, com sentimento de saudade. 
Eu como sempre sou do contra, comemoro o fim deste período com muita alegria.
Saudade? Não sei bem se é esse sentimento que poderei usar.
Isso de fato tem me causado muitos transtornos psicológicos, pesadelos e dias de choro sem fim.
Afinal, porque só eu, dentre todos os meus colegas, não sente essa saudade e sim, sinto uma felicidade enorme?!
Não sei. Essa é a resposta.
Não sei porque talvez agora não seja o momento certo pra entender isso.
E tudo isso causa confusão, confusão de sentimentos e pensamentos.
Alguns aqui até podem me entender, porque quando nos sentimos diferentes de todo o resto isso confunde, achamos que é algo de errado com nosso jeito de ser ou com o que fizemos.
No fundo não é.
Não é errado não ser, não fazer, não pensar, não sentir como os outros.
Cada um de nós é único e por isso somos diferentes.
Com essa afirmação, que muitos já me falaram, consigo me acalmar um pouco e não me sentir culpada por esse sentimento de felicidade que venho sentindo com o fim dessa experiência.
Talvez eu tenha escolhido o curso errado, talvez não tenha vocação para essa profissão, talvez.
Assim como hoje me questiono tanto devido aos meus conflitos pessoais para com a experiência de ser professora, antes de iniciar essa faze me questionaram do que eu tinha medo.
Do que eu tinha medo?
"Do que eu tenho medo!" foi o que pensei antes de responder.
Mas antes de abrir a boca pra responder, tive que controlar os meus olhos para que não deixasse as lágrimas rolarem.
E só então disse que eu tinha medo de não saber transmitir o conteúdo certo, da maneira certa, tinha medo de não conseguir controlá-los, enfim são ainda tantos os meus medos.
É isso então, não sei se escolhi a profissão certa, não sei se tenho vocação, não sei.
De uma coisa eu tenho certeza, não sei chamar a atenção de ninguém, e sabe por quê?
Porque os tempos são outros, os professores são outros, os alunos são outros.
E como li outro dia em um artigo, os professores devem tomar cuidado para não confundir sua própria cultura com a cultura de seus alunos. 
Precisei trabalhar meus conflitos internos pra conseguir vim em paz todos esses dias.
Cada um de vocês me ensinou alguma coisa durante esses poucos dias em que convivemos.
Com alguns me identifiquei mais, não no sentido de empatia, mas me vi em vocês quando tinha a sua idade, quando estava no mesmo lugar que vocês.
Por isso foi difícil me ver aqui do outro lado da moeda.
Eu lembro-me que na primeira tentativa de fazer uma atividade diferente com vocês, não consegui manter o controle, nem o de vocês e nem o meu.
Gritei, sentei no chão, guardei tudo e sai no final do período, voltei pra faculdade para mais uma aula, chorei, chorei muito.
Pensei em desistir, em abandonar tudo.
E confesso que tive essas reações por vários dias, mas eu tinha pessoas me falando todos os dias "agora falta pouco, tu já está quase terminando" e tantas outras palavras que me impulsionavam a seguir um dia após o outro, como deve ser.
E tenho feito isso, até agora está dando certo, ainda não enlouqueci.
Não posso me prolongar muito, afinal vocês não gostam de muito texto.
Quero dizer que OBRIGADA, obrigada por vocês terem me suportado, me aturado, me ensinado, me desafiado, me desafiado todos os dias a vencer meus medos, minhas aflições, a controlar minha ansiedade, a entender que nem tudo o que planejamos para um dia consegue ser cumprido.
Mesmo não me sentindo ser professora ainda, obrigada por toda essa experiência.
Agora talvez não me faça tanto sentido entender o porque passei por essa experiência, mas tenho a esperança que um dia tudo isso faça sentido para minha existência.
Perdoem-me a minha total sinceridade com a divulgação dos meus sentimentos, mas prefiro que seja assim.
Que as pessoas me julguem ou critiquem pela sinceridade de bons sentimentos, do que pela falsidade de coisas que não estão ocorrendo. 

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